quarta-feira, 20 de julho de 2011

Conclusões da Conferencia “Novos Caminhos nas Perturbações Globais de Desenvolvimento e Espectro do Autismo”

Conferência: “Novos Caminhos nas Perturbações Globais de Desenvolvimento e Espectro do Autismo”
Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos
25 de Junho de 2011

No âmbito do seu plano de acções, a APEE – Autismo promoveu, no passado dia 25 de Junho de 2011, em Matosinhos, uma conferência sobre “Novos Caminhos nas Perturbações Globais de Desenvolvimento e Espectro do Autismo”, que teve como objectivo o de divulgar os resultados das mais recentes investigações científicas, no tratamento das Perturbações globais do Desenvolvimento e espectro do autismo.
Esta iniciativa juntou aproximadamente 100 pessoas, incluindo pais e profissionais das mais diversas formações (médicos, professores, psicólogos, enfermeiros...) e contou com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos, representada pelo Sr. Presidente, o Dr. Guilherme Pinto, alguns Vereadores e Deputados. Esteve também presente a Dra. Conceição Menino, na qualidade de Coordenadora do Gabinete de Acompanhamento da Educação Especial da DREN.
Os palestrantes, todos com uma larga experiência no contexto da Educação Especial, no geral, e com o Autismo, em particular, apresentaram excelentes comunicações.
As comunicações iniciaram com a reflexão apresentada pela Doutora Manuela Sanches Ferreira, que apesar de não ter falado especificamente sobre a problemática do autismo, nos fez pensar acerca do modo de entender as questões em torno da incapacidade. Fez uma breve abordagem histórica de como o conceito de deficiência ia sendo entendido e que práticas se adoptavam em função disso. Deficiência vs. incapacidade; integração vs. inclusão....
O Mestre Vânia Peixoto, terapeuta da fala e docente da Universidade Fernando Pessoa explicou que a investigação/intervenção da UFP relacionada com as PEA assenta em áreas bem distintas, como:
 Adaptação de instrumentos de avaliação (ADOS)
 Colaboração com a comunidade, como por exemplo, com a APEE – Autismo na realização das colónias de férias para crianças com PEA; desenvolvimento de um novo serviço “babysitting” especial para crianças com PEA
 Adaptação de material, como por exemplo, adaptar as músicas e/ou livros e “legendá-los” com os símbolos pictográficos, de forma a aumentar a compreensão da criança; elaborar horários individualizados com as tarefas de cada criança....
 Modelo de intervenção do Hands on Autism
 Prática baseada na evidência (modelo SCERTS)
O Modelo SCERTS
Transational Support / Suporte Transaccional: As crianças são mais competentes quando os seus parceiros adaptam o seu estilo de interacção e o ambiente de modo a favorecer uma comunicação social efectiva e a regulação emocional
Emotional Regulation / Regulação emocional: Crianças com maior capacidade para automonitorizar o seu arousal fisiológico e estado emocional são mais competentes para manter o envolvimento social, resolver problemas e comunicar efectivamente

Social Comunication / Comunicação social: Crianças com maior capacidade para iniciar e seguir o foco conversacional dos seus parceiros sociais são socialmente mais competentes

 Formação
 Coaching & counselling


A Dra. Vânia faz também parte um programa: o Hands on Autism e destacou as características chaves de programas efectivos nas PEA
• Intervir o mais precocemente possível
• O envolvimento mútuo e activo entre a criança e o adulto são cruciais nas actividades programadas
• A intensidade do programa é fundamental (25 H/semana de actividades programadas – escola, terapias, casa)
• Programa adequado ao nível cronológico e desenvolvimental da criança, delineado através de objectivos individualizados
• Ensino organizado, com repetição ao longo do dia de períodos de intervenção curtos, de um-para-um e grupos de pares pequenos
• Inclusão de uma componente para a família (treino parental)
• Monitorização e reavaliação periódica programada e adequação quando necessário

Por último, a intervenção do Professor Joseph Morrow, incidiu sobre os estudos recentes na análise comportamental aplicada (ABA) no tratamento do autismo. Foi feita uma referência á história da análise comportamental aplicada, incluindo o trabalho inovador de Ivar Lovaas e também foi feita uma breve análise à investigação actual e à sua eficácia.
De acordo com a investigação apresentada pelo Prof. Morrow esta metodologia de intervenção baseada na análise comportamental aplicada apresenta bons resultados quando comparada com outras metodologias.
O Prof. Morrow explicou que a aproximação da criança ao comportamento comportamento desejado é sempre reforçada, nos seus pequenos passos, até se alcançar o sucesso. Destaca a importância do reforço positivo dos comportamentos adequados e das tentativas da criança para o alcançar.
Abordou também e exemplificou, ainda que de forma muito ligeira, a metodologia PECS - PICTURE EXCHANGE COMMUNICATION SYSTEM, que consiste num Sistema aumentativo de comunicação baseado na troca funcional de imagens e que permite:
- Dá “voz” a crianças sem qualquer tipo de linguagem verbal oral,
- Estrutura crianças com uma linguagem não funcional
Além disso, pode também ser aplicado pela população comum e pode ser usado nos vários contextos da criança incluindo casa e escola.

Por último, na sessão de encerramento foi destacada a necessidade de se continuar a sensibilizar e a envolver activamente a comunidade e os diferentes agentes educativos para a problemática do Autismo, ajudando na criação de respostas adequadas às das crianças com PEA e das suas famílias

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